Março e Abril assinalam não só o retorno da Primavera, mas também a morte: os chineses comemoram os seus antepassados durante o Festival Ching Ming, enquanto os ocidentais glorificam a ressurreição de Jesus Cristo, que se sacrificou em nome da humanidade, durante a Páscoa.
São inúmeras as obras literárias sobre a morte, sendo a descrição poética desta uma abordagem bastante popular. No entanto, a referência à morte na vida diária é evitada. Por exemplo, em cantonense, existem diferentes expressões que denotam o fim da vida, mas raramente se emprega o termo “morrer”. Os pacientes entram nos hospitais através da entrada principal, mas os carros funerários saem pelas traseiras. Nos noticiários, assistimos a todo o tipo de catástrofes, mas preferimos
acreditar que a morte está muito longe de nós.
A educação para a vida e a morte tem prevalecido no mundo ocidental, no Japão e em Taiwan, mas é ainda incipiente em Macau e Hong Kong. Nós olhamos directamente para a morte sem pessimismo: ela prepara–nos para o destino inevitável da vida. A ideia de Confúcio de que “a morte não pode ser
compreendida antes de compreendermos a vida” não é necessariamente verdadeira: aqueles que entendem a morte aprendem a usufruir do presente. Nesta edição, iremos assim apresentar alguns livros dedicados ao tema da morte.