Ode à Alegria

“Quando eu tinha cinco anos, a minha mãe dizia-me sempre que a felicidade era a chave para a vida. Quando fui para a escola, perguntaram-me o que queria ser quando crescesse. Eu escrevi ‘feliz’. Disseram-me que eu não entendi o trabalho e a minha resposta foi que eles não compreendiam a vida”, disse John Lennon, o cantor principal d’os Beatles.

As coisas nem sempre correm como pretendemos. O nascimento, envelhecimento, a doença e a morte são fases inevitáveis da vida. A vida segue em frente – independentemente do nosso estado de espírito – pode ser mais prático rir alegremente ao longo da vida. No entanto, nesta era de corrupção da moral pública, a controvérsia social é constante enquanto as guerras continuam pelo mundo fora. Por vezes, o conhecimento aumenta a agonia – pode a leitura purificar a alma?

Esta edição dedicada ao tema “Ode à Alegria” vai apresentar uma série de livros encantadores aos leitores de todas as idades para que possam receber o Ano Novo com felicidade. 

Infância: O Prazer está no Entusiasmo


//Amy Young que era advogada transformou-se numa ilustradora, promovendo a alegria no olhar das crianças. (Fotografia fornecida por Amy Young)

Em teoria, não temos que dizer às crianças para procurarem a felicidade. No entanto, a pressão que as crianças enfrentam nos seus estudos está a aumentar. A competição intensifica-se enquanto os jogos de vídeo geram a inacção. Se as crianças perdem o seu entusiasmo, a felicidade irá lançá-las à deriva.

Quando se tem meio copo de água, podemos queixar-nos ou ficar gratos pelo facto de ele estar meio cheio. A vaca em Miserável Moo (Misery Moo) resmunga sobre a chuva, o frio do inverno e a monotonia de admirar uma paisagem deslumbrante. Um borrego, cheio de entusiasmo sobre a vida, ensina a vaca a pensar na existência a partir de outros pontos de vista. Não obstante, a vaca continua deprimida até o borrego a deixar. No final ela compreendeu que a felicidade esteve sempre à sua volta.

A ilustradora americana Amy L. Young decidiu embarcar nesta grande carreira depois de ter exercido a advocacia ao longo de sete anos. O seu primeiro livro – Belinda inicia-se no Ballet (Belinda Begins Ballet) – celebra a inocência da infância. A protagonista, que tinha pés muito grandes, adorava dançar ballet mas não conseguia ingressar na equipa de ballet de que gostava. No entanto, ela não abandonou o seu sonho – ela dançava mesmo enquanto trabalhava como empregada de mesa num restaurante. Finalmente o seu talento foi reconhecido. 

A felicidade é de facto facilmente alcançada: basta alterar o nosso ponto de vista e aprender a apreciar as coisas em nosso redor, valorizar aquilo que possuímos e responder ao desdém e desprezo com calma – acabamos por perceber que o mundo à nossa volta é diferente.    

Belinda the Ballerina

▸ Belinda the Ballerina

Autor:Amy Young

Editora:Viking

Data de Publicação:2004

Misery Moo

▸ Misery Moo

Autor:Jeanne Willis (Text), Tony Ross (Illustration)

Editora:Anderson Press

Data de Publicação:2004

Juventude: Perseguir os Sonhos Corajosamente

//O gato do Dalai Lama é verdadeiro – o livro olha para a vida a partir da perspectiva do animal.  (Fotografia fornecida por David Michie)
//Os jovens devem manter a curiosidade e o sentido de aventura para que não passem a sua vida em vão. (Fotografia de Neil Tse) 

Hoje em dia, os jovens pensam que as suas vidas se resumem ao estudo, trabalho, casamento e à aquisição de bens. Eles esquecem que devem perseguir os seus sonhos enquanto são jovens. O processo pode ser um desafio. Porém, eles podem aumentar o entusiasmo pela vida através da gratidão por tudo aquilo que possuem.   

Na procura da pirâmide que terá visto por duas vezes nos seus sonhos o protagonista de O Alquimista (The Alchemist) viajou de Espanha para África, atravessando o deserto e um oásis. Ele conversou com o Vento e o Sol, conheceu um vendedor de cristais, uma caravana e um alquimista e no fim, testemunha o esplendor da pirâmide. O conto diz-nos que ‘quando queremos algo, todo o universo conspira para nos ajudar a consegui-lo.’    

O Gato do Dalai Lama transmite com humor os princípios do Budismo a partir da perspectiva de um gato. Quando nasceu, o gatinho não tinha casa e foi levado a um templo, onde foi adoptado pelo Dalai Lama. O gato quase matou um rato e tinha ciúmes de um cão mimado. Ficou obcecado por outro gato formoso no bairro e chegou a adquirir um apetite insaciável. Ele cometeu todos os males seculares: ignorância, apego, ódio. Porém, fortuitamente conseguiu sentir a felicidade.   

Numa sociedade fascinada pela ganância, todos devemos procurar entender o valor das nossas vidas e, com boa vontade, perseguir corajosamente os nossos sonhos. Assim acabaremos por descobrir que o mundo espiritual é mais encantador que o mundo materialista.

 

The Alchemist

▸ The Alchemist

Autor:Paulo Coelho

Tradutor:Alan R. Clarke

Editora:Harper Collins Publishers

Data de Publicação:1997

The Dalai Lama’s Cat

▸ The Dalai Lama’s Cat

Autor:David Michie

Editora:Hay House Visions

Data de Publicação:2014

Meia-Idade: Amar a Nós Próprios e o Próximo

A meia-idade é frustrante devido à vida repetitiva que levamos durante décadas e por nos termos esquecido que a felicidade está perto tal como uma gota de água na sobrancelha – imperceptível apesar da sua proximidade. Assim, podemos apenas lidar com os detalhes e procurar a felicidade numa vida normal.

Gretchen Rubin tinha sucesso tanto na vida familiar como profissional, mas ansiava o prazer. Por isso, ela criou um programa anual com um tema mensal e obrigou-se a cumprir um objectivo por mês, incluindo uma vida simples e saudável. No início, começou a escrever sobre este projecto de felicidade no seu blog e com o tempo foi melhorando o seu plano com as sugestões dos seus leitores fiéis. No fim, ela publicou o processo desta experiência num livro.

O protagonista masculino de Por Mais Um Dia (For One More Day) foi confrontado com problemas nos negócios e no seu casamento. Ele também se afastou da sua filha e tentou por várias vezes suicidar-se. Porém, ele viu a sua mãe que teria morrido há oito anos e passou o dia com ela. Da sua conversa, o protagonista cedo compreendeu qual o motivo pelo qual o pai os deixou e os sacrifícios da sua mãe. Ele descobriu então que era amado e que a felicidade o rodeava.

As pessoas tendem a procurar a inspiração e a alegria no exterior. Contudo, na verdade, a felicidade encontra-se nos detalhes mais normais da vida. Devemos não só aprender o amor por nós mesmos, mas valorizar o carinho dos outros – esta é a origem da felicidade.


//Gretchen Rubin aplica a sua filosofia mudando assuntos banais da sua vida em busca da felicidade. A felicidade está, afinal de contas, ao nosso alcance.(Fotografia fornecida por Gretchen Rubin)

The Happiness Project: Or, Why I Spent a Year Trying to Sing in the Morning, Clean My Closets, Fight Right, Read Aristotle, and Generally Have More Fun

▸ The Happiness Project: Or, Why I Spent a Year Trying to Sing in the Morning, Clean My Closets, Fight Right, Read Aristotle, and Generally Have More Fun

Autor:Gretchen Rubin

Editora:Harper

Data de Publicação:2012

For One More Day

▸ For One More Day

Autor:Mitch Albom

Editora:Hyperion

Data de Publicação:2007

Velhice: Doces são os Usos da Adversidade

O desespero do nascimento, envelhecimento, a doença e a morte devem ser melhor compreendidos pelos mais velhos. No entanto, a morte é um tabu para o povo chinês que teme que a miséria seja agravada logo que ela é mencionada. Eventualmente, eles evitam a realidade quando ficam mais velhos. Nós devemos procurar compreender a última fase da nossa vida com optimismo para podermos saborear os usos da adversidade. 

O presidente de uma das Quatro Grandes firmas de auditoria contraiu o cancro quando tinha cinquenta e três anos de idade. Tinha pela frente apenas quatro meses da parte mais importante da sua vida. Confrontou os seus sentimentos, incluindo a miséria e a felicidade, deu-se bem com a sua família e criou um fundo caritativo para outros doentes com cancro. Depois de viver tudo isto, ele descobriu que terá perseguido o sucesso materialista durante uma grande parte da vida, para descobrir apenas que só conseguiu gozar a vida antes da sua morte.

O Livro da Vida e da Morte do Tibete (The Tibetan Book of Living and Dying) foi traduzido do tibetano para o inglês devido ao fascínio dos estrangeiros pela forma como o Budismo Tibetano combina a religião e a ciência nos seus estudos sobre a vida e a morte. O budismo defende que apenas podemos deixar de sofrer quando compreendemos os motivos que causam o nosso sofrimento e que somente podemos alcançar a felicidade quando compreendemos as razões da felicidade. Para além da arte de viver, o livro fala-nos de como o contentamento pode ser alcançado às portas da morte. Este livro divinal é uma leitura obrigatória.

As coisas nem sempre correm como pretendemos. No entanto, a vida é curta e por isso devemos tentar sempre viver de forma alegre. Não devemos forçar nem procurar a nossa felicidade no exterior, apenas temos de a encontrar na nossa alma a cada momento. Espera-se que através da leitura dos livros acima mencionados todos possamos afastar-nos da dor e alcançar a felicidade. 


//A segunda parte da vida parece ser a fase do pôr do sol mas não deixa de ser um momento resplandecente. (Fotografia de Ling Lui)

Chasing Daylight: How My Forthcoming Death Transformed My Life

▸ Chasing Daylight: How My Forthcoming Death Transformed My Life

Autor:Eugene O’Kelly

Editora:McGraw-Hill

Data de Publicação:2006

The Tibetan Book of Living and Dying

▸ The Tibetan Book of Living and Dying

Autor:Sogyal Rinpoche

Editora:HarperSanFrancisco

Data de Publicação:2006