Passeio pela biblioteca - Conservação de Livros em Macau

//Ao verificar que os jornais necessitam de restauro, os bibliotecários procedem à sua embalagem cuidadosa e ao seu envio para o departamento de restauro. (Fotógrafo: Bob Leong)

A Biblioteca Central de Macau colecciona vários tipos de jornais publicados diariamente em Macau, os quais são encadernados em volumes e classificados por mês, tornando a sua leitura mais conveniente. Para além dos jornais actualmente publicados e em circulação, a Biblioteca também colecciona jornais antigos com valor histórico. Vale a pena mencionar a Abelha da China, o primeiro jornal publicado na China por um estrangeiro (em 1822) e também o primeiro jornal em Macau a entrar nas colecções de periódicos da Biblioteca do Edifício do IACM sob os auspícios da Biblioteca Central de Macau.     
Devido aos custos de impressão, de um modo geral os jornais não são impressos em papel de alta qualidade, o que explica a sua rápida deterioração. Posto isto, alguns jornais antigos têm de ser conservados regularmente devido a factores como a sua leitura, danos causados por insectos e bolor, acidez e fragilidade. 

//A figura ilustra uma das 67 edições do jornal semanário “Abelha da China”. (Fotógrafo: Biblioteca Central de Macau)

//Depois da reposição das páginas em falta, o pessoal de restauro utiliza uma agulha e linha para coser o livro.(Fotógrafo: Bob Leong)

É inevitável que os livros armazenados na Biblioteca Central de Macau sejam danificados depois do seu empréstimo aos leitores dia após dia. O problema mais comum é a separação da capa/contracapa e das páginas dos livros. Para enfrentar esta situação, o pessoal de manutenção da biblioteca reforçam a estrutura do volume com agulha e linha: colocando as folhas em camadas e perfurando as mesmas, após o qual as páginas são costuradas e os nós amarrados para fixação. Se a página solta se perdeu, o pessoal procura outro exemplar do livro para copiar a página em falta. Actualmente, a Biblioteca Central de Macau procede à reparação mensal de cerca de 100 a 200 livros que estiveram emprestados.  

Uma das principais responsabilidades de restauração da Biblioteca Central de Macau é a colecção de livros antigos e literatura, cuja ‘idade’ é de certeza superior à adição das nossas idades, tornando esta colecção não só valiosa como frágil.     
Antes do restauro, os livros são submetidos a controlo de pragas e tratamento de poeira – para o controlo de pragas usa-se equipamento especializado que reduz o oxigénio e é utilizado para matar qualquer praga que se encontre nos livros. O tratamento de poeira elimina na superfície dos livros antigos as substâncias nocivas como a poeira, resíduos de papel e enzimas de esporos bacterianos, etc.. O tratamento de poeira é realizado numa cabine de segurança biológica e numa sala/espaço equipadas com equipamento especial de exaustão e filtração, no sentido de proteger a saúde do pessoal envolvido.      
Como uma das características de acidez elevada do papel é o seu amarelecimento, é realizado também um ‘exame corporal’ aos livros antigos para verificar o nível de pH do livro antes do seu restauro. Se a acidez do papel é muito elevada, este torna-se frágil e pode desintegrar-se. Assim sendo, o valor de pH pode ser considerado como um indicador da prioridade da restauração necessária.     
Depois de ‘limpar’ e realizar um ‘exame corporal’ aos livros antigos, o pessoal de restauro procede à separação do livro com base na extensão dos seus danos, procedendo então ao restauro de cada página do livro antes da sua encadernação. No entanto, informação detalhada, como o tipo de encadernação original, tem de ser devidamente registada antes da separação do livro para que a sua aparência original possa ser recuperada através da utilização dos mesmos processos, materiais e métodos após a conclusão do seu restauro.  

//O papel dos documentos antigos como “Manuscrito Extracto do Sr. Weng Fanggang sobre Si Ku Quan Shu” é frágil devido à sua idade, pelo que é necessário muito cuidado no momento do seu restauro. (Fotógrafo: Biblioteca Central de Macau)